Câmara Municipal de SP – 04/Dez/2017

      “Um assunto candente, importante, imprescindível, são as áreas verdes da cidade de São Paulo”.  Assim o vereador Gilberto Natalini abriu a 16ª edição da Conferência Produção Mais Limpa, com o tema Áreas Verdes, que lotou o auditório principal e o anexo (com telão).  Mais de 500 pessoas acompanharam as palestras que ofereceram conhecimentos e conceitos relevantes para o público presente na Câmara Municipal.

  

Momento da 16ª Conferência P+L na Câmara.  (foto: Mila Maluhy).Momento da 16ª Conferência P+L na Câmara.  (foto: Mila Maluhy).

 

MESA 1 – Na mesa de abertura a palavra foi dada inicialmente a José Moacyr Pereira, diretor da Siemaco: “Das 31 prefeituras regionais, somente oito estão adequadas à área de m2 de verde pela população, nos extremos de Parelheiros e da Cantareira.  E existe a questão das invasões e do desmatamento. Daqui a pouco não vai ter mais verde na área, porque estão construindo o Rodoanel”.  Walter Lazarini, presidente do Cosema/ FIESP: “As árvores nos acompanham a vida toda, dão flores e frutos, e têm outras qualidade pois produzem os princípios ativos da indústria farmacêutica, e fazem a captação de CO2”.  Thaís Leonel, da OAB-SP:  Temos falado sobre a necessidade da preservação ambiental caminhar de mãos dadas com o desenvolvimento econômico”.

 

Vereador Gilberto Natalini.Vereador Gilberto Natalini. Slide com foto de invasão de manancial na ZS.Slide com foto de invasão de manancial na ZS.

 

MESA 2 – Em seguida Patrícia Iglesias, superintendente de gestão ambiental da USP, lembrou que “precisaríamos de três planetas para manter o estilo de vida de algumas pessoas. Não somos proprietários, somos usufrutuários de bens ambientais, pensando nas próximas gerações.  As pequenas ações fazem a diferença, precisamos educar para termos cidadãos que façam a diferença.” Eduardo Jorge, ex-secretário do Verde e Meio Ambiente da cidade: “Área verde é uma necessidade, um direito humano. De 2005 a 2012 a cidade passou de 32 parques para 98 parques.  De 15 milhões m2 para 45 milhões m2 de área verde, mas tem que lutar palmo a palmo.  O povo tem que morar, mas não na beira da represa. Quem defende as árvores?  Falta movimento, falta organização.  Temos que caminhar para fundar uma entidade, uma associação de amigos das árvores e dos parques.” Maurício Brusadin, secretario estadual do Meio Ambiente: “Sofro diuturnamente manifestação de grupos de proteção animal, mas a proteção de áreas verdes são brigas isoladas.  Quem sabe uma grande associação daria lastro à luta. É preciso aglutinarmos nossa energia, para que possamos ter uma pauta comum, colocando a sustentabilidade no eixo do debate.”

 

MESA TÉCNICA – Em sua apresentação “Inovações de Manejo Urbano”, Joaquim Cavalcante, engenheiro agrônomo da Plant Care, comparou uma fábrica tradicional que emite poluentes com uma árvore que se assemelha a uma fábrica que traz benefícios, porém à qual não é dada a devida atenção.  Citou a cidade de Ferraz de Vasconcelos, que é “um exemplo de aridez absurda”, com canteiros sem árvores.  Cavalcante mostrou as podas radicais são feitas por empresas terceirizadas pelas companhias de eletricidade, e que elas ganham por “produção”, sem cuidados com as árvores.   Francisco Zorzenon, biólogo do Instituto Biológico, explicou que a falta de planejamento, conhecimento e manejo nas podas, o espaço insuficiente, a drenagem inadequada, a vibração excessiva, a deficiência nutricional, o estresse, tudo isso facilita o aparecimento de pragas e doenças nas árvores. Zorzenon mostrou formas acessíveis de realizar diagnósticos de doenças em árvores, e mostrou o tratamento que pode ser feito com óleos naturais no combate a pragas.

 

Engenheiro Joaquim Cavalcante.Engenheiro Joaquim Cavalcante. Biólogo Francisco Zorzenon.Biólogo Francisco Zorzenon.

 

DEBATES 1André Palhano coordenou a mesa de debates.   Márcia Hirota, diretora do SOS Mata Atlântica, afirmou que o Brasil é uma potência ambiental, com um conjunto de biomas que é um patrimônio do mundo.  A Mata Atlântica foi o primeiro bioma a ser explorado pelos europeus, isso está ligado à história do desenvolvimento do país.  E por último a ocupação urbana atacou esse bioma.  2/3 da população vive na região da Mata Atlântica.  Ela falou da importância do Plano Municipal da Mata Atlântica e de outros projetos que tentam reverter essa situação na cidade de São Paulo.   José Rodrigues de Oliveira, secretário municipal de Segurança Urbana, relatou ações de fiscalização feitas pelas equipes da GCM Ambiental e pela SUDAM - Superintendência de Defesa Ambiental, ambas subordinadas à sua secretaria. 

 

Secretário José Rodrigues, Márcia Hirota, André Palhano, Marcos Bruckeridge e Roberto Delmanto (foto: Mila Maluhy).Secretário José Rodrigues, Márcia Hirota, André Palhano, Marcos Bruckeridge e Roberto Delmanto (foto: Mila Maluhy).

 

DEBATES 2Marcos Bruckeridge, do programa USP Cidades Globais, deu tom científico à abordagem, e com dados mostrou a importância das árvores no meio urbano, com seu ciclo metabólico propiciando as chuvas.   Bruckeridge relatou que a cidade tem cerca de 650 mil árvores em suas ruas, mas elas estão mais concentradas em umas regiões do que outras. Em um mapa da cidade ele apontou as regiões com alta prioridade para se aumentar as áreas verdes, como o Centro e grande parte da Zona Leste. Também mostrou que em áreas com grande arborização as pessoas vivem cerca de 20 anos a mais e apresentou a proposta de criar um grande corredor verde que ligaria os maciços verdes de Parelheiros e da Serra da Cantareira.  O advogado Roberto Delmanto propôs uma “preservação formiguinha”, através de manutenção de verde em pequenas áreas urbanas, gerando as conhecidas RPPNs – Reserva Particular do Patrimônio Natural, em âmbito municipal.  São pequenas áreas verdes particulares que ajudam a preservar a qualidade de vida no meio urbano.  Segundo Delmanto mais de 10.300 hectares de terra na malha urbana têm remanescentes de Mata Atlântica, e que tem potencial de conservação, através das RPPNs municipais. Porém essas áreas precisam ser incentivadas pelo poder público, por exemplo com valores de IPTU mais baixos. Ele lembrou que Curitiba é pioneira no incentivo à criação de RPPNs.

 

Minudências:
@ O vereador Gilberto Natalini mostrou um mapa da mancha urbana, e afirmou que essa mancha vem crescendo devastando árvores, e o processo está aumentando.
@ Natalini não deixou de apontar o problema da especulação imobiliária na cidade, com suas licenças “afajutadas” e com o poder econômico avantajado das empresas do ramo imobiliário.
@ Para ele os principais vetores de ataque às áreas verdes são: 1 - Crescimento desordenado da mancha urbana e especulação imobiliária. 2 - Invasões pelos movimentos dos sem-teto e em especial em áreas de mananciais. 3 - Loteamentos clandestinos por grilagem urbana com ligações com o crime organizado. 4 - Ocupações esparsas em áreas de mata por barracos isolados ("ação de formiguinha").

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