Rua Raimundo da Cunha Matos, Morro Grande – Outubro/2016.

     Na Zona Norte existe um cinema abandonado cheio de histórias. Ele fica no bairro da Vila Morro Grande e está desativado há pelo menos 40 anos. Se hoje o normal é termos salas de cinema em shoppings, em outros tempos eles ficavam quase todos em ruas, muitos em bairros afastados dos grandes centros.

 

Parte interior do cinema deteriorado.Parte interior do cinema deteriorado.

 

HISTÓRIA – O espaço do cinema é um prédio com quatro andares espaçosos, janelas quebradas, pedregulhos e paredes descascadas e pichadas. O cinema foi instalado por Thomáz de Mello Cruz, ex-dono de uma tecelagem, junto à pedreira que esta desativada desde a década de 1980. Além desses empreendimentos, a religiosidade do proprietário deu vida à Igreja de Santa Clara, local igualmente em ruínas hoje. Moradora da região, Silvana Mariano relembra os tempos da infância. “Estudei no Santa Clara há 35 anos, meus filhos também estudaram lá. Cheguei a comprar tecidos na tecelagem com minha mãe, mas nessa época o cinema já não funcionava mais ”, contou ela.

 

Lateral externa do cinema.Lateral externa do cinema. Lateral interna do cinema.Lateral interna do cinema.

 

ESPAÇO CULTURAL – O ativista Dimas Reis Gonçalves relata uma ocupação no local. “Já ocupamos em 2009, fomos convidados ‘gentilmente a ir até o DP’. Cheguei a falar com o pessoal da SPCine, gostaram muito, mas teríamos que fazer uma grande mobilização para ter financiador e comoção publica”, analisa ele. Segundo Luiz Brito, assessor da subprefeitura Freguesia/ Brasilândia, existe interesse, mas a prefeitura até o momento não disponibilizou projeto algum de compra do espaço. “Existe um movimento na região que é composto por ativistas culturais e artistas, onde eles reivindicam a construção de um espaço cultural com o apoio da Supervisão de Cultura desta subprefeitura, porém trata-se de uma área particular e não há nenhum projeto de compra da área por parte da prefeitura”, ressaltou.

 

Vista de onde ficava o projetor.Vista de onde ficava o projetor. Vista que seria da platéia.Vista que seria da platéia.

 

FALTA INTERESSE – O que poderia ser um centro cultural ainda é mera especulação, afinal pouco interesse por parte do poder público foi esboçado até agora. Um contato foi feito com a família Mello Cruz, que hoje mantém o Instituto Mairiporã, entretanto até o momento não houve resposta para passar mais informações sobre o local e seus planos em relação à propriedade no futuro.

 

Minudências:
@ Thomaz de Mello Cruz era genro de Elísio Teixeira Leite, então prefeito de São Carlos e hoje nome de avenida lateral ao terreno em que está o cinema abandonado.
@ Toda a área verde no entorno do cinema é pretendida pela comunidade, para a transformar em um parque público.  Veja AQUI uma reunião de lideranças comunitárias para discutir o tema.
@ O que restou da Igreja Santa Clara já virou cenário de vídeo clipes de diversos estilos musicais.

Texto e Fotos: Ronaldo Lages

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  • Visitante - Felipe

    Parabéns Ozzy pela reportagem , ficou bem legal. Sucesso !

  • Visitante - Giovana

    Oi, quando vocês escreveram essa reportagem, vocês conseguiram falar com o proprietário da igreja?

  • Visitante - Osvaldo Cruz

    Eu vivi ai no Morro grande desde criança, estudei na escola ao lado do cinema, meu pai trabalhou na Pedreira Morro, Eu estudei no Instituto Mairiporã, fui músico da corporação musical neste cinema, e no colégio Inst.Mairiporã . Anteriormente fui também coroinha na Igreja Santa Clara de Assis. Vejo agora tudo isso em ruinas.!!! Da muita PENA ver ISSO....

  • Visitante - Osvaldo Cruz

    Cresci aí no M.Grande, estudei na escola ao lado do Cinema que fica de frente a Igreja católica Santa Clara de Assis, os quais foram construídos por Thomaz M CRUZ. Ótima PESSOA.
    Estudei também no Colegio Instituto Mairiporã, hj é FACULDADE. Pertenci a Corporação Musical Morro Grande e do Colegio Instituto Mairiporã também. E agora vejo essas construcoes do M. Grande, Freguesia do Ó, assi se acabando com o tempo, É muito triste.....

  • Olá, sou estudante de artes visuais na UNESP e tenho muito interesse em reunir pessoas que desejam transformar o cinema e a igreja em espaços culturais para a comunidade. Quem também tiver interesse e ver esse comentário, entre em contato comigo pelo celular (11) 99352-0025 ou pelo meu e-mail: atomheartalan@gmail.com. Espero que consigamos trazer mais arte pra nossa querida vila do morro grande.

  • Visitante - Aguinaldo Venancio

    É com tristeza que vejo a situação que se encontra a igreja e o cinema , próximos à pedreira ... nasci e fui criando na vila Zatt e qdo criança, tínhamos como cenário é “pano de fundo” da nossa infância , a imagem -ainda viva nas nossas lembranças- a pedreira -que se não me angano, as 11 da manhã , “estourava”. O poder público tem o dever de restaurar e preservar a história . Tenho fotos da igreja e do cinema que , com disse, foram o cenário da vida das crianças , nessa época, na vila zatti.

  • Visitante - Aguinaldo Venancio

    E com tristeza que vejo a situação que se encontra a igreja e o cinema , próximos à pedreira ... nasci e fui criando na vila Zatt e qdo criança, tínhamos como cenário é “pano de fundo” , a imagem -ainda viva nas nossas lembranças- a pedreira -que se não me achando, as 11 da manhã , “estourava”. O poder público tem o dever de restaurar e preservar a história . Tenho fotos da igreja e do cinema que , com disse, foram o cenário da vida dias crianças , na nossa época, na vila zatt.

  • Visitante - Marlene budin

    Então esse lugar era maravilhoso, tínhamos a Igreja Católica, a qual toda a tarde de domingo era rezada uma missa pelo Padre Orlando e após a missa íamos até o cinema e lá ouvíamos à Banda tocar a qual era formada pelos funcionários da Pedreira Morro Grande e da Fábrica De Produtos têxteis, a quais era do Sr.Thomas Cruz.Infelizmente as coisas foram ficando abandonadas e hoje não resta quase mais nada. O terreno do cafezal está sendo vendido, a Pedreira hoje será o futuro pátio do metrô e a fábrica fax parte tb da venda do terreno. Mas garanto que uma época aura, tínhamos de tudo neste bairro. Sr.Thomas Cruz hoje falecido deu estudo a muitas crianças filhos de funcionários através do Instituto Mairiporã, escola criada especialmente na época para os filhos dos funcionários. Gostaria que tudo fosse como antes, tínhamos uma visão de São Paulo maravilhoso deste mirante. Agradeço por ter tido essa honra de vivenciar tudo isto.

  • Esse local ainda existe? Gostaria de conhecer...