Lauzane Paulista – 10/Mar/2017.

      O Slam é uma “batalha” entre poetas da periferia inspirada no movimento nascido na cidade de Chicago na década de 1980 chamado “Poetry Slams”. É um evento que acontece no intuito de fazer poetas duelarem entre si com material autoral em até três minutos cada, com direito a jurados, notas e premiações.

 

Participantes e público posam para foto.Participantes e público posam para foto.

 

SLAM NA ZN – Os Slams chegaram ao Brasil há algum tempo e ocorrem em diversas localidades diferentes da cidade de São Paulo, segundo uma de suas idealizadoras, Victória Oliveira ou Viic, como gosta de ser chamada. Na Zona Norte não havia uma representatividade dessa arte à altura. “A ideia de criar um Slam na Zona Norte partiu de uma conversa entre nós, organizadores e frequentadores de Slams, onde notamos a inexistência desse tipo de atividade nessa região da capital", afirmou Viic.

 

Grafiteiro e participantes com arte em grafite do evento.Grafiteiro e participantes com arte em grafite do evento.

 

VALORES – Questionada sobre as dificuldades de se trabalhar com poesia em uma sociedade cada vez mais consumista e que valoriza futilidades, Viic ressalta que o mundo não é necessariamente fútil e que as pessoas são por algum motivo induzidas a essa realidade, que a poesia é uma chance de libertação dessa lógica. “Imagino que talvez a sociedade não tenha se tornado fútil, talvez consumista, mas temos que olhar e prestar atenção no que estamos consumindo. A importância dos saraus é justamente mostrar essa ideia. Vivemos dentro de um sistema que quer que acreditemos que a nossa sociedade é fútil, e os saraus mostram para as pessoas que somos livres. O pensamento é livre e transformador”, filosofou a organizadora do Slam da Norte.

 

Algumas das artes feitas no evento.Algumas das artes feitas no evento. Lucas D’ogum se apresentando.Lucas D’ogum se apresentando.

 

SALVAÇÃO – Para o poeta e cantor de rap, Lucas D’ogum, morador Cachoeirinha e participante do Slam, a poesia salvou sua vida dos perigos que a desigualdade social proporciona aos jovens pobres da periferia. “Eu participo desde os meus 13 ou 14 anos de idade, felizmente me levaram pro Sarau da minha quebrada e salvaram minha alma. A poesia pra mim é um sopro de vida, é poder respirar perante as crises mundanas e as minhas crises internas, é um grito retido há muito tempo por conta do racismo e de todo silenciamento que um moleque periférico como eu sofre. Poesia pra mim é vida e mostra que estou mais vivo do que nunca”, concluiu ele. Após o término de todas as apresentações e notas dos jurados, o campeão dessa fase foi o próprio Lucas D’ogum, que recebeu de premiação uma tela pintada durante o evento pelo artista plástico, professor e grafiteiro Héu.

 

Grafiteiro criando a arte de slogan do evento.Grafiteiro criando a arte de slogan do evento.

 

Minudências:
@ Hoje o Slam da Norte conta com os organizadores Viic Oliveira, Ingrid Martins, Yara Alves, Renato Kolla.
@ Essa edição teve grafites a venda dos grafiteiros Héu e Serix.
@ O Slam da Norte ocorre de maneira itinerante por toda a Zona Norte.
@ Essa edição do Slam da Norte teve 5 poetas que competiram entre si, e aconteceu na av. Ultramarino, altura do 206, Lauzane Paulista.
@ Segundo pesquisa dos próprios organizadores do Slam da Norte, existem mais de 20 eventos como este espalhados pela cidade de São Paulo inteira.

Texto e Fotos: Ronaldo Lages

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  • Visitante - sandra

    Olá, sou coordenadora e uma EMEF da região da Brasilândia e gostaria de conhecer melhor o trabalho / atividades . E se possível apresentar aos nossos alunos esta ideia, pois acredito ter muito a ver com " nossa cara/ nosso projeto". gostaria de saber se ha essa possibilidade e como contata-los. grata.