CEU Pêra Marmelo – 05/Set/2017
Visando ouvir e discutir demandas e problemas de bairros como Brasilândia, Pirituba, Casa Verde, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Perus e Lapa, o CEU Pêra Marmelo abrigou o 1º Ciclo de Debates das Redes Solidárias da Sociedade Civil, evento que contou com entidades como Sociedade Benfeitora Jaguaré e União dos Moradores do Parque Anhanguera, entre outras.
A assistente social Dirce Koga na abertura do encontro.
DESIGUALDADE – Entre os debatedores estavam Dirce Koga, assistente social; Rodrigo Diniz, assistente social doutorando pela PUC-SP; e Ana Sueli, perrmacultora e educadora social. Eles abordaram o tema de estreia denominado Um olhar sobre os territórios. A professora Dirce Koga foi a primeira a falar. Para ela as pessoas que moram em meio aos territórios são aquelas que guardam em si potencialidade e precisam renovar suas forças para mobilização, pois vivem em um momento especificamente difícil na história do País. A palestrante também apresentou em slides dados de métricas sociais de território e proteção familiar com mapas, gráficos e depoimentos de moradores. “A desigualdade social é enorme, e quem mais sofre é quem mora nas bordas da cidade”, enfatizou ela.
CONTRASTE – Segundo dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mostrados por Dirce, dentre os distritos mais desiguais estão Anhanguera, na região Noroeste, e Brasilândia, na região Norte, em franco contraste com os bairros de Pinheiros e Lapa, que são as regiões mais abastadas. Entretanto, esclareceu que as pesquisas podem ocultar a percepção de quem acompanha de maneira desatenta, causando assim uma visão simplista e homogênea dos fenômenos ali apresentados, é necessário ir mais fundo. “Nesse tipo de pesquisa devemos fugir das médias, pois elas escondem a desigualdade social”, advertiu a assistente social e professora.
Coral de crianças da tribo indígena do Jaraguá.
VIOLÊNCIA – Na sequência, o assistente social Ricardo Diniz explorou questões pertinentes e apontou a necessidade de se mapear territórios e o que fazer com esses estudos de maneira estratégica. “Nós precisamos nos atentar a essas relações sociais que são peças-chave e nos mostram como elas se dão e como podemos pensar ações de classe e resistência”, explicou Diniz. Diante deste quadro, Diniz também exibiu da extinta Secretaria de Igualdade Racial, dados que demonstram que os bairros mais violentos e desiguais são de população majoritariamente negra.
NETOS – Por fim, a educadora popular e permacultora Ana Sueli abordou questões mais abrangentes como a paralização das obras do metrô e do Hospital de Vila Brasilândia, ausência de universidades públicas no território, o direito à paisagem pelos moradores de Brasilândia e arredores, serviços de coleta seletiva, e enfatizou: “Antigamente eu queria uma cidade para o futuro de meus filhos, agora quero uma cidade para meus filhos e netos”, concluiu ela, visivelmente emocionada.
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Minudências:
@ O CEU Pêra Marmelo fica na rua Pêra-Marmelo 226, Jardim Santa Lucrecia, Jaraguá.
@ Organizações presentes: Instituto Rogacionista, Caritas Brasileira Regional São Paulo, Associação Reciclázaro, Fundação Vida e Esperança – Claretianos, Fundação Fé e Alegria do Brasil, Sociedade Benfeitora Jaguaré, União dos Moradores do Parque Anhanguera, ASES Claretianos e Instituto Integra.
@ Houve uma apresentação de um coral de crianças da Tribo Guarani do Jaraguá, que emocionou a plateia.
Mesa do encontro.
Texto e fotos: Ronaldo Lages
# Matéria com apoio de Tecnolamp
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