SESC Consolação – 31/Ago/2016

      A cidade de São Paulo atinge a marca de 12 milhões de habitantes, segundo o IBGE, e é muito preocupante observar o quanto essa população vive em espaços de desigualdade extrema, ao se comparar os índices socio-econômicos dos seus 96 distritos.  A Rede Nossa São Paulo fez uma apurada análise de dados e números, pois “para zerar a desigualdade precisamos visualizar a desigualdade”, afirmou Oded Grajew, coordenador geral da Rede. O trabalho resultou em um detalhado Mapa da Desigualdade, que apontou enormes distorções. “Temos alguns distritos com nível de 1º mundo, então por que não se consegue fazer isso em outros distritos? Isso é falta de prioridade, de vontade política”, considerou Oded.

 

Grajew mostrou o  Mapa da DesigualdadeGrajew mostrou o Mapa da Desigualdade Broinizi avaliou o Plano de Metas.Broinizi avaliou o Plano de Metas.

 

EXTREMOS – No setor da Cultura, o mapa da desigualdade apontou que os moradores do Capão Redondo têm acesso a um acervo de livros infanto-juvenis 2734 vezes menor do que o acervo disponível para os moradores da Consolação.  E isso sem considerar que os moradores de 36 dos 96 distritos da cidade não têm acesso a nenhum acervo.  Sobre livros para adultos a situação não é diferente: o distrito do Jardim São Luiz tem acesso a um acervo de livros para adultos 6087 vezes menor do que o disponível para moradores da Sé. E também os moradores de 36 dos 96 distritos da cidade não têm acesso a nenhum acervo, porque inexistem bibliotecas públicas nesses distritos.

 

ABISMO – Na área da Saúde, a desigualdade se expressa com força:  31 dos 96 distritos não têm nenhum leito hospitalar.  Entre os 65 que possuem, a diferença entre o distrito que tem mais leitos (Bela Vista) e o que tem menos (Vila Medeiros), é de 1.138 vezes. Um número estarrecedor é a diferença da expectativa de vida entre moradores na mesma cidade de São Paulo: a média de idade com que as pessoas morrem no Alto de Pinheiros é de 79,67 anos, enquanto que essa média para as pessoas que morrem na Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste, é de 53,85 anos.  Um abismo de quase 26 anos!

 

Público presente no SESC Consolação.Público presente no SESC Consolação.

 

PERIFERIAS – Avaliados 40 indicadores, a Rede Nossa São Paulo elencou os distritos que mais aparecem entre os 30 piores nesses indicadores. Excluídos os distritos Brás, Sé, Pari e Belém, todos demais 26 distritos, os piores nas avaliações, estão fora do centro expandido, estão nas periferias da cidade. Por isso foi proposto que os recursos sejam revertidos prioritariamente para políticas públicas nessas regiões. Porém hoje não há um acompanhamento sobre se a distribuição dos recursos públicos se dirige para as reais necessidades dessas localidades.  Veja AQUI a apresentação do Mapa da Desigualdade.

 

Um dos slides do Mapa da Desigualdade.Um dos slides do Mapa da Desigualdade.

 

Minudências:
@ Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede, apresentou um balanço do Plano de Metas da atual gestão municipal, decorridos 91,66% do tempo do mandato. 
@ Entre alguns exemplos, na Educação a abertura de creches superou em 40% a meta proposta. Por outro lado, dos 20 CEUs prometidos, só 40% estão entregues ou em obras.
@ Na Saúde, um ponto positivo foi a entrega de 30, das 32 unidades da Rede Hora Certa. Já o ponto negativo foi a criação de apenas 26,3% dos 30 CAPS – Centro de Atendimento Psicossocial.
@ Verificado o andamento das 123 metas do Plano, o balanço apontou o cumprimento de 78,96% das metas propostas.
@ Weber Sutti, secretário adjunto da Secretaria do Governo da Prefeitura, enfatizou que, faltando ainda quatro meses para o final da gestão, ele acredita que se atingirá um percentual perto de 90% de metas concluídas.
@ O Plano de Metas é uma conquista da cidade de São Paulo, capitaneada pela Rede Nossa São Paulo, que teve o apoio e a aprovação da Câmara Municipal da cidade.  O Plano é uma obrigação, por lei, que o prefeito eleito tem de relacionar, quantitativamente todos os projetos propostos para sua gestão.
@ O Plano de Metas está presente em 48 cidades brasileiras e seis cidades latino-americanas.  Está em trâmite em Brasília um Projeto de Lei para tornar o Plano de Metas obrigatório para os gestores eleitos de todas as cidades, estados e do país.
@ A Rede Nossa São Paulo convidou todos os candidatos à prefeitura para falar sobre a desigualdade e sobre suas metas na próxima gestão. Apenas o candidato Ricardo Young compareceu pessoalmente. João Doria enviou o seu vice, Bruno Covas.  Fernando Haddad e Celso Russomano enviaram seus representantes, respectivamente Jilmar Tatto e Edson Passafaro.
@ A Rede apresentou uma nova proposta de comunicação dos problemas da cidade, que é o 32xSP, um portal de notícias construído em parceria com a Agencia Mural de Jornalismo das Periferias.  O endereço é www.32xsp.org.br 

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