APCD – 22/Set/2015

      Água e energia, dois insumos vitais para a sociedade, foram o centro das atenções na 14ª edição da Conferência Produção Mais Limpa, realizada no auditório da APCD – Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas, em Santana.  A ideia foi promover um amplo debate entre especialistas e a comunidade interessada nesses dois temas.  Com entrada gratuita, o evento esteve lotado nos dois períodos.  Considerando a lotação de 850 lugares do auditório, estima-se um público total de 1200 pessoas no evento.

 

Mesa de abertura do evento.Mesa de abertura do evento.

COMPROMISSO – Cerca de trezentos parceiros se uniram ao esforço do vereador Gilberto Natalini para produzir a 14ª Conferência P + L.  O vereador afirmou que o grande número de pessoas na mesa de abertura tinha uma razão: “As pessoas que estão sentadas aqui representam instituições poderosas.  Cada um que fala aqui deixa um compromisso, uma cumplicidade com a nossa causa, por isso é importante que esses representantes possam estar aqui, usar a palavra, e cada palavra, cada vírgula, a gente anota, é um compromisso para trabalharmos juntos”, afirmou Natalini.

ÁREAS VERDES – Mario Mantovani, do SOS Mata Atlântica, considerou que os rios são o termômetro da sociedade:  “Se o rio tem esgoto, a população está doente.  Se o rio tem lixo, é porque a população não sabe lidar com seus resíduos”.  Sobre a situação hídrica, afirmou que “nada como uma boa crise pra chamar a atenção da sociedade. A bacia do Cantareira tem menos de 20% de cobertura vegetal, está totalmente assoreada, e não temos projeto pra recuperar.  É importante estarmos mobilizados”.  Sobre a cidade de São Paulo, Mantovani disse que “precisamos ter um plano municipal de Mata Atlântica para garantir as áreas verde de São Paulo, mais ameaçadas do que nunca”.

Público presente.Público presente.

ENVOLVIMENTO – A secretária estadual do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, ressaltou o papel dos estados e dos município: “Todos são fundamentais para que possamos trabalhar na agenda de mudanças climáticas”.  Ela informou que irá à conferência da ONU, em Nova York, representando São Paulo na definição dos objetivos do desenvolvimento sustentável.  Mas afirmou que “se nós não nos envolvermos nessa questão, na adianta o Brasil assumir o compromisso. Tem que ser um compromisso de cada um de nós”, considerou a secretária.

ASPECTO MORAL – O cardeal dom Odilo Scherer agredeceu às várias referências da encíclica do papa Francisco, focada na questão do meio ambiente e sobre o “cuidado da casa comum”.  Segundo dom Odilo, “a palavra do papa ajudará a criar uma consciência mais ampla do meio ambiente, que o papa chama de “casa comum” de todos nós”.  E completou: “Não podemos descuidar da obra de Deus.  Descuidando do meio ambiente, estamos reduzindo as possibilidade de usufruir da natureza pelos mais pobres, pelos que menos podem, gerando injustiça.  Nosso relação com a natureza implica em conseqüências, e se tem conseqüências, implica em responsabilidade, o que é o aspecto moral do cuidado com a natureza”, afirmou dom Odilo.

Cardeal dom Odilo Scherer.Cardeal dom Odilo Scherer. Mesa debateu a questão da água.Mesa debateu a questão da água.

PERDAS – À tarde a primeira mesa foi sobre o tema da água, com mediação de Edison Carlos. O presidente da Sabesp, Jerson Kelman informou que está chovendo 17% a mais neste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo ele, embora a situação ainda requeira conscientização e economia dos paulistas, “não há perspectiva alguma de rodízio de água”. Para ele, a situação continua grave e “Agosto foi o pior mês que já tivemos em toda a história de falta de chuvas”.  Segundo o presidente da empresa, a Sabesp intensificou campanha de detecção de furtos (“gatos”).  Sobre o combate aos vazamentos, Kelman afirmou que é um processo lento.  “Tóquio tinha perda de 70%, hoje perde 3%, mas foi um processo de décadas.  A rede de distribuição de água em São paulo é enorme, dá várias voltas ao mundo,  não tem recursos financeiros nem humanos para fazer isso”, afirmou.  Segundo Kelman as perdas físicas de água hoje são da ordem de 19%. 

DESAFIOS – Stela Goldenstein, diretora da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, fez uma ampla exposição mostrando desafios e aprendizados da luta por uma nova cultura da água.  Para ela a gestão da crise e a superação sustentável (não ter novas crise no futuro), essas duas coisas têm que andar em conjunto. “Temos que trabalhar para ter uma agenda positiva de ação.  Temos que envolver a sociedade e os municípios em uma estratégia em comum, que seja discutida e compactuada”. Por várias vezes Stela afirmou que não existem saídas fáceis, e nada que se resolva com rapidez.  “Temos que pensar na sustentabilidade como uma estratégia permanente, com ações de médio e longo prazos para uso sustentável da água, reúso e proteção dos mananciais”.  Para ela o uso prioritário da água é o abastecimento público.  Ela fez críticas à nossa “cultura da abundância”: “A gente tem a expectativa que vai ter sempre água, então temos dificuldade de fazer controle de perdas e de introduzir tecnologias poupadoras...  E agora temos um novo fator interferindo nos processos de decisão, que é a incerteza metereológica”, afirmou Stela, em uma exposição com muitos slides que durou quase 50 minutos.

Minudências:
@ Marina Silva não pode proferir a palestra magna.  Ela se desculpou através de um vídeo, dizendo que nesse dirá ela teria que ir a Brasília acompanhar no TSE a votação da oficialização do seu partido, o Rede Solidariedade.
@ O medico e ambientalista Eduardo Jorge substitui Marina na Palestra Magna, falando sobre as conferências ambientais que  acontecerão em Nova York e em Paris neste ano.
@ A mesa dois, sobre energia, teve a presença do prof. José Goldemberg, diretor da FAPESP, e de Zilmar José de Souza, da União da Indústria da cana de açúcar, com mediação de Marcelo Morgado.
@ Na mesa de abertura estiveram dom Odilo Scherer, Adriano Fornieri (APCD), Patrícia Iglecias (SMA), Romildo Campelo (SVMA), Rogério de Mello (Anamma), Carlos Sanseverino (OAB/SP), Marcio Astrini (Greenpeace), Mario Mantovani (SOS Mata Atlântica), Mário Ihosi (FIESP), João Bico (ACSP) e José Moacyr Pereira (Siemaco).

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