Museu Florestal Octávio Vechi – Abril/2016
O Movimento Infanto-juvenil Crescendo com Arte – MICA completou 24 anos de trabalho sensível, voltado à formação da criança e do jovem através da arte. Enfrentando todas as dificuldades de praxe em ações de voluntariado, o MICA, nos últimos três anos, se dedicou às crianças de uma comunidade extremamente carente, da Favela do Sapo, Jardim Peri. Não é sempre que crianças em situação social tão precária vêem seus trabalhos expostos em um museu como o Florestal, no Horto.
Pintando o azulejo com o tema das árvores.
O QUE É – O MICA não tem sede, não tem patrocinadores fixos. Conta com o trabalho abnegado de sua diretora Maria José Soares e de uma série de amigas professoras, voluntárias como ela nesse ofício – quase sacerdócio – de levar arte para crianças e jovens da Zona Norte. Assim suas atividades já estiveram em espaços como a Biblioteca Municipal Pedro Nava e no Arquivo do Estado. Nos últimos anos encontrou guarida no Museu Florestal Octávio Vecchi, onde realiza ações e exposições de grande qualidade técnica e de valor social indiscutível.
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HISTÓRICO – Essa ação continuada, de mais de três anos com as crianças da Favela do Sapo, aconteceu de forma especial. Maria José é também militante da causa animal, defendendo o direito à vida e aos bons tratos dos bichos de estimação. Nessa atuação conheceu o jovem Marcelo Vieira, conhecido como “Marcelinho Protetor”, que cresceu nessa comunidade e desenvolveu um dom especial para cuidar dos animais abandonados. Maria José ficou admirada por ver uma criança de apenas doze anos tão dedicada a essa causa. Hoje Marcelinho Protetor tem 26 anos, mantém um abrigo para animais abandonados em Mairiporã, e segue colaborando com a ação artístico-educacional do MICA.
Jovens e equipe no Horto Florestal.
RECURSOS – As crianças da comunidade vêm, passam pelo projeto, e vão. Umas crescem e partem para outras atividades. Outras se perdem pelo caminho, não chegam a completar um ciclo. São sempre em torno de trinta crianças tendo a assistência possível, dentro da periodicidade possível, pela falta de recursos para mais organizar. “Eu e as professoras colocamos dinheiro do bolso, quando não conseguimos apoios”. Mas sempre tem uma atividade, sempre tem uma proposta para elas. E quando tem atividade, tem que ter também alimentação...
ÁRVORES – As crianças vão a shopping, vão a cinema (muitas pela primeira vez), vão à Biblioteca de São Paulo ler livros e escrever cartas... tudo planejado e executado “na raça” pela turma do MICA. “Antes de ter o apoio da Marly Tur para transporte, deixamos de realizar algumas importantes atividades”, relatou Maria José. O último projeto foi o “Sem árvores não há vida”, em que as crianças produziram mudas e as plantaram no Horto, e depois pintaram azulejos cerâmicos com o tema das árvores. Os azulejos foram levados para a queima, para ter acabamento, e hoje estão expostos no Museu Florestal Octávio Vecchi.
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DIGNIDADE – As crianças Larissa, Sabrina, Laisla, Jefferson, Amanda, Natan, Emily e Paulo Cesar compareceram ao Horto Florestal para falar um pouco do projeto. Eveline de Almeida, mãe de duas crianças, relatou: “Acho maravilha, estão trabalhando para o futuro deles, para despertar o interesse deles”. Zilda Regina, avó de duas, deu sua opinião: “É muito bom levar para conhecer o mundo lá fora, ver que tem coisas lá fora para aprender”. A maior preocupação dos pais é ver seus filhos ampliarem suas vivências para além do mundo da comunidade, e assim poderem ter mais oportunidades na vida. O MICA cumpre esse papel com dignidade.
Um dos displays no Museu Florestal, com azulejos pintados pelas crianças.
Minudências:
@ Na atividade de pintura as professoras voluntárias do MICA foram Nilce Nicodemos, Terezinha Bancher, Telma Tapigliani Cleise Faustino e Antonia Olivares (especialista em cerâmica). E as voluntárias Carolina Valente, Sirlei Okumura, Clarissa Olivares Rodrigues e Nathalia Guerreiro.
@ Na atividade de plantio colaboraram os monitores do Horto Talita Bitencourt e Eduardo, a bióloga Rosangela Peres Biruel, Rogério Magrão, Daniela Pastana e Natalia Almeida (diretora do Museu).
@ O projeto teve apoio da Marly Tur, Centro de Cultura Cerâmica (doou os azulejos); Czzar Confecções (doou as camisetas/uniforme) e os "Amigos do MICA" que compram rifas e fazem doações para a compra da alimentação, vasos, plantas e materiais.
@ Os concursos nacionais e internacionais de desenho promovidos pelo MICA têm participantes do Brasil todo e de dezenas de países. São uma verdadeira lição de capacidade de organização e força de realização.
@ Conheça os projetos do MICA em http://artmica.blogspot.com.br/
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