Vila Cardoso – 09/Set/2015

      Há 30 anos a população moradora da Brasilândia, região que abriga quase 300 mil pessoas, aguarda um hospital que atenda à comunidade. Em mais uma etapa dessa longa história, estiveram presentes no bairro o prefeito Fernando Haddad e o secretário de Saúde Alexandre Padilha para anunciar o início das obras. Tratores e movimentação de terra foram vistos, dando esperança à população.

 

A obra começas e a meta é terminar o hospital no início de 2017 (20 meses).A obra começas e a meta é terminar o hospital no início de 2017 (20 meses).

MÉDICOS – Morador há 15 anos da Brasilândia, Ricardo da Silva estava confiante com o início da obra tão esperada. “Vai facilitar, é uma conquista da população que há mais de 20 anos espera. Antes havia apenas um hospital estadual e outro municipal, que são distantes e não favoreciam a gente”, afirmou, já contando com a obra pronta.  Já a professora de educação infantil Nilda Maria Maia, não era tão otimista assim, refletiu sobre a falta generalizada de médicos em hospitais já existentes. “Eu acho superimportante, um hospital é sempre importante, mas acho importante também ter médicos nos outros hospitais”, afirmou.  

EMOÇÃO – O primeiro a discursar sobre foi o vereador Paulo Frange que ressaltou sua emoção sobre o projeto que por ali já se vê, com os primeiros passos para construção. Ele justificou a demora pela falta de um terreno na região e lembrou que não é qualquer cidade do mundo que constrói uma obra de tamanho considerável em plena crise.

Haddad e Padilha.Haddad e Padilha. Haddad cumprimenta moradora.Haddad cumprimenta moradora.

METRÔ – Já o secretário Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde e um dos idealizadores do Programa “Mais Médicos”, do governo federal, ressaltou os benefícios de se ter um hospital próximo de uma estação de metrô para a região, como é o caso da Linha 6 Brasilândia - São Joaquim que já teve o início de suas obras.  Isso promete trazer centralidade ao bairro, que hoje é inexistente.

20 MESES – Com a ampla presença de movimentos sociais no evento, o prefeito Fernando Haddad começou sua fala saudando tais agrupamentos e ressaltou o valor da obra de mais de R$ 200 milhões, que segundo ele é a maior na história da Brasilândia.  Ele lembrou que não deve haver disparidade entre bairros ricos e pobres, todos deveriam obrigatoriamente ter a mesma qualidade de atendimento. Haddad frisou que a obra completa do Hospital ficará pronta em 20 meses, contando a partir daquele Sábado.

ABANDONADA – As melhorias citadas no palanque não comoveram a todos. Era o caso do antigo morador da Brasilândia e representante do movimento Ousadia Popular, Quintino Aguiano, de 70 anos. Segundo Quintino, que se refere ao bairro como “Brasilândia abandonada”, a região onde mora é muito mais esquecida do que outros locais dentro do mesmo bairro, deseja a criação do que chama de “Parque Municipal da Brasilândia”,  que carece de espaços verdes.

Minudências:
@ Tecnicamente, o novo hospital se localiza no distrito da Freguesia do Ó, na esquina da Estrada do Sabão com a av. Mishihisa Murata.
@ Segundo a assessoria de imprensa o prédio terá 40 mil m2 e vai abrigar uma piscina para uso do hospital e da comunidade, pronto-socorro adulto e pediátrico, com quatro salas de emergência e 39 leitos de observação, além de pronto-socorro com atendimento 24h, clínica médica, clínica cirúrgica, ortopedia, ginecologia, anestesistas, intensivistas, neonatologistas, ambulatório adulto e pediátrico.
@ No total serão 250 leitos, sendo 40 de UTI adulta, pediátrica e neonatal. O Centro de Parto normal contará com 28 leitos.
@ O Hospital da Brasilândia pretende ser um serviço de referência em sustentabilidade, com aproveitamento de luz e ventilação natural, reuso da água de retardo para jardins e descargas e utilização de placas solares para geração de água quente.
@ O prefeito Haddad, em visita à ZN no dia anterior, relatou que houve um esforço dos engenheiros para colocar no mesmo terreno o novo hospital, a estação de metrô Vila Cardoso da Linha 6 – Laranja, e ainda manter o centro esportivo que ocupa parte do terreno.
@ A obra é executada pelo consórcio HM Brasilândia, composto pelas empresas Engeform e Construbase. A proposta é entregar o hospital em 20 meses. A primeira etapa da construção será a limpeza do terreno e a instalação de canteiro de obras.
@ O espaço em que acontecem as obras está situado no mesmo local do antigo clube popularmente conhecido como “Fazendinha”.
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Além de moradores da localidade, muitos ativistas de outras causas marcaram presença, como foi o caso dos coletivos FLM (Frente de Luta por Moradia) e MSTI (Movimento Sem Teto do Ipiranga) que cruzaram a cidade para empunhar suas bandeiras e faixas e cobrar das autoridades presentes por mais atenção em suas reivindicações.

Texto e fotos: Ronaldo Lages

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